terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

meia noite e quarenta

Não nomeie! A tinta vermelha que pinta esse conto nunca se apagará, então, por favor, não nomeie.
Todas as liras desvairadas conseguiriam decifrar
Todas as arpas frágeis poderias imitar
Todos os ramos rebelantes brotariam para olhar
todos os inomináveis ousariam recitar em uníssono o teu nome... inventado.

Não nomeie! En
tre a areia e o mar existe mais que desculpas, existe o infinito paralelo do não achar-se não, e o fim, e o rio, e o éter.

Não nomeie! Não nomeie o nome da mão, da palma, do avesso, do verso.

Não nomeie o que a tinta vermelha apagou.

domingo, 16 de janeiro de 2011

foi ontem

todas as juras

modernas, impunes

paralelas, inexatas

lavadas de mentiras.



todos os acertos

na sorte do acaso

no escuro da hora

no terreno baldio.



e o tédio constrói,

é só tédio.



toda aquela esperança:

alguém como eu

as bússolas apontavam o caminho:

o caminho errado.



todos sabem, eu sei

alguém como você

pode fazer o tempo esperar,

mas os tambores não param.



e o tédio me dói,

é só o tédio.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

eu e o destino

Era dia qualquer,
qualquer hora,
qualquer céu nublado.

Eu percorria todas a encruzilhadas, trocava com o asfalto a pressa que sentia pela hora do acaso.
E, na esquina que não dobrei, meu amor lá estava, sorridente, com as mãos vazias, à deriva, em pleno ar, como que se preparasse para um abraço. QUE TOLO! Ele estava só.
Tomei meu caminho, na sombra das árvores peroladas, meu peito, tão leve, sentia a brisa lamber-me a face e palpitava, pedindo fogo ao invés de ar.

Quatro horas da tarde e meu amor está do outro lado da rua, pena que não consigo tirar os olhos
das vitrines, tirar os olhos do chão tropeçante e do céu feito de pipas. Mais uma vez nossos caminhos se cruzam, sem nossos olhos se cruzarem, tem só o perto, sem ao menos o eterno se impor aos mínimos detalhes.

Não sei quando e como, mas enfim percebi, meu amor me seguia para o encontro e despedida, pois, na esquina em que eu me ia, meu bem parou, aliás, foi parado. morreu de bala perdida e, assim, não se fez amor.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

uma e quarenta.

- Fala agora, temos até a meia noite.
- Nos resta um minuto.

Todo esse tempo meu coração palpitou a tua presença,
seus ruídos, seu hálito, tudo o que eu ainda não senti.
a sua presença me vem em data e hora marcada, é a maneira mais
fácil do meu corpo sentir teu olhar,teu ludibriante olhar.
mas cala nesse segundo, cala-te. preciso desse momento pra gritar
ao meu vento amigo o quanto eu preciso te ouvir falar. sussurra em mim, apenas em mim.
se encoste em mim, quero a suas costas nas minhas, preciso sentir sua respiração, seu calor,
preciso desse instante de coragem, alcançar teu peito, meu.
amor, não me deixe cair entre o toque e o objeto, não pretendo me congelar na tua imagem amarela.
não pretendo viver de ilusão, enquanto isso, guarde todo o seu amor.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

conte até dez

mas pode ser fácil, se a hora do impulso não for a hora do fracasso.


------------- tudo pode ser fácil,
pulso ao pulso no mesmo enlaço.



------------------------inclusive o cinismo, que tempera o sarcasmo

quinta-feira, 15 de julho de 2010

desabafo

o medo não consta no meu confessionário.

domingo, 20 de junho de 2010

grito

minha proposta ao tédio: apaixonar.
paixão é o dom de se encantar e desse encanto eu entendo,
por mais que o medo impeça.
meu medo é quando a poesia possa ser questionada,
quando o fio da minha figura possa ser destroçada,
e eu me estrago e eu me nego, de peito aberto, um grito ao fim.