quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Auto-estima

Agora que estou limpo posso escrever.

Um dia você acorda e se sente tão pesado, tão sujo, tão enrolado em finos laços de mentira, nas grandes poças de vergonha. Reles e só.
Nesse dia seu pescoço luta com o peso da cabeça, sua alma luta contra os erros do corpo, seus dons lutam contra o medo que os corroem. Luta branda.
Não importa quem seja, tonto em demasia ou sóbrio por excelência. Todos nós temos nossos momentos de dor.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Matei minha planta


Matei minha planta.
Há três, ou quatro meses, minha tia me ofereceu uma plantinha, que não era tão bonita quanto uma orquídea, nem tão cheirosa quanto um pé de jasmim, mas que despertou meu interesse e eu a peguei para cuidar.
Nos primeiros dias, tive todo o cuidado de adubar a terra, lavar o prato, podar, aguar e tudo o mais. Passa-se um mês e com ele surgem os primeiros resquícios de esquecimento: Dois dias sem água e prato sujo. Passa-se mais um mês e agora meu interesse pela pobre coitada da planta desaparece por inteiro: esqueço-me de aguá-la, me esqueço de podá-la, de tirar a poeira que se acumula sobre suas folhas. Me esqueço dela.
Hoje, quando chego em casa me deparo com uma planta sem vida, As folhas que antes eram verde clorofila, agora estão amarelas e murchas. Seu caule secou e não existe mais raiz. Ela está morta.
Morre aqui mais um sonho. Não que eu sonhasse em ser floricultor, não é nada disso. Morre aqui meu desejo de cuidar da planta, como no passado morreu meu desejo de falar inglês, de aprender a tocar piano, de aprender judo, como morreram algumas de minhas crenças, alguns de meus medos, como morreu meu anseio de mudar o mundo.
Não sei se é de natureza humana enjoar de seus sonhos, mas comigo é sempre assim. Basta eu estar a meio passo do que eu anseio e - BUM!- minha vontade de alcançar vai embora. É o fim? Não, é o inicio de uma nova vontade.